27 dezembro 2009

Conto de Natal

Começaram ainda na escola, lá pelos quinze (ele) e dezesseis anos (ela). Enfrentaram os pais, algum preconceito de cor (ele negro, ela filha de alemães) e seus próprios medos e paradigmas, porque é isso que melhor fazemos juntos, criar e quebrar paradigmas. Aprenderam a conviver, a contar segredos e a dividir certas cargas da vida; ela aprendeu a chorar, a sorrir e a expressar seu interior passando por cima do sangue gelado dos germânicos. Ele aprendeu a beber e também arriscou suas primeiras palavras numa segunda língua estrangeira. Eles se casariam, teriam filhos, dois, Miguel e Hilda, viveriam em uma casa na parte histórica da cidade onde abririam juntos um escritório de advocacia, e morariam longe dos pais, mas sem mudar da cidade. Ele foi estudar em Ouro Preto e ela ficou. Terminaram o namoro no terceiro período de faculdade (dele). Hoje ele passa as noites de férias em um puteiro chamado Sunshine, bebendo uísque e gastando o dinheiro dos pais. Ela se casou com um tal Tomas Fritsche, tem um filho chamado Joaquim e me disse que quer ter um segundo filho, aos vinte e dois anos. História curtíssima.

8 comentários:

Flora Ramos disse...

hahaha. cruel demais.. muito veridico.

Flora Ramos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Daniela disse...

ooi
obrigada pela visita e pelo comentário. xD
esses amores impossíveis aos olhos de quem não ama sempre me intrigam...

beijos

eloisa disse...

Não sei, Guilherme. Tive vontade de comer ervilhas, morrer de tanto comer. E então lembrei que ele me contou que não gosta delas. Contou quando éramos dois em um. Hoje, somos dois em um milhão de pedacinhos.

E fiquei contente por ter sido motivo de orgulho teu. rs

Já volto aqui e comento teu post. :*

Cecília disse...

Tipo Quadrilha do Drummond (:

eloisa disse...

Eu não comentei teu conto! Li assim que deixei o outro comentário. rs
Mas que eu lembre havia escrito umas coisas e tal... não entendi. :O

Teus contos são fantásticos, digo isso sempre! Fiquei boquiaberta. hahaha

E quanto as minhas vontades antropófagas, é apenas o que resta do ódio que me invadiu e e que eu tento expulsar. A raiva por ter sido trocada.

Que o próximo ano seja intenso no sentir, para nós dois. Muitos contos e muita poesia. (:

Um beijo :*

eloisa disse...

Possivelmente não, nem se lesse.

Caio Resende disse...

Sunshine um brilho no fundo do poço...