27 dezembro 2009

Conto de Natal

Começaram ainda na escola, lá pelos quinze (ele) e dezesseis anos (ela). Enfrentaram os pais, algum preconceito de cor (ele negro, ela filha de alemães) e seus próprios medos e paradigmas, porque é isso que melhor fazemos juntos, criar e quebrar paradigmas. Aprenderam a conviver, a contar segredos e a dividir certas cargas da vida; ela aprendeu a chorar, a sorrir e a expressar seu interior passando por cima do sangue gelado dos germânicos. Ele aprendeu a beber e também arriscou suas primeiras palavras numa segunda língua estrangeira. Eles se casariam, teriam filhos, dois, Miguel e Hilda, viveriam em uma casa na parte histórica da cidade onde abririam juntos um escritório de advocacia, e morariam longe dos pais, mas sem mudar da cidade. Ele foi estudar em Ouro Preto e ela ficou. Terminaram o namoro no terceiro período de faculdade (dele). Hoje ele passa as noites de férias em um puteiro chamado Sunshine, bebendo uísque e gastando o dinheiro dos pais. Ela se casou com um tal Tomas Fritsche, tem um filho chamado Joaquim e me disse que quer ter um segundo filho, aos vinte e dois anos. História curtíssima.